segunda-feira, 27 de abril de 2009

A PerGuNtA ...


E-mail enviado por um amigo (IAM).
É preciso amar... De qualquer forma, qualquer coisa, desesperadamente... Para que o amor não morra em nós, para nós sejamos capazes de continuar posteriormente, depois que a tormenta passar... Por isso, transferimos esse sentimento aos objetos que nos rodeiam, aos nossos cachorros, às nossas roupas, aos nossos carros e bolsas. Realmente, a estrada dessa nossa vida sozinha é muito difícil e precisamos de dispositivos especiais para atravessá-la a salvo. Compreendo uma mulher que tem um orgasmo com um vestido: ele desce pelo seu corpo, cobre-a, acaricia e a reconforta, lambe-a da cabeça aos pés; comunica-se por ela, traduz sutilmente o que há no seu íntimo, como só faz por ela uma boa amiga ao escolhido, e a torna bela até para ela mesma, sua maior inimiga. Ou como um homem pode fazer amor com seu carro: seu cheiro, sua textura, suas arestas e ancas... Abre-se totalmente, obedece-lhe, submisso; ele o leva aonde se quiser, range e urra com fúria quando o seguramos com força pelo volante e o levamos ao limite... Tudo por que não podemos deixar que o amor em nós se esvaia quando estamos sozinhos, tropeçando... Às vezes, precisamos realmente de bengalas sentimentais: assim me parecem as bebidas, as drogas e toda a gama de artifícios que a vida moderna nos dispõe para que nos mantenhamos emocionalmente hidratados e em relativo funcionamento, para que não enferrujemos, não nos atrofiemos, não sequemos, e aquilo que procuramos nas festas, no supermercado, no trabalho, no teatro, flua e não emperre quando nos encontrar... Acho que sei porque a gente relaciona o amor com o nosso coração. Ele fica no centro da gente, funciona misteriosamente, independente da nossa vontade, e precisa estar em movimento sempre, exercitar-se diariamente, constantemente, até dormindo... Uma coisa eu tenho certeza: ele precisa de bom combustível; nutri-lo com banalidades, futilidades, trivialidades, isso só o enfraquece; o meu, por exemplo, me disse outro dia que preferia emoções fortes de uma vez, não pequenas amostras grátis ou momentâneas, porque ele sente um grande vazio, e só uma grande porção quente e macia da vida poderia saciá-lo. E o seu o que diz?

Um comentário:

  1. Também prefiro doses as cavalares às homeopáticas...Conheço bem o meu bichinho aqui. E ele não se contenta com pouco! Belo texto, rapaz! =)

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