sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

"sou um coração batendo no mundo"


Escrevi isso no fim do ano passado, em outubro. Foi um mês de violência... uma violência "diferente".


Quando a poeta falou que era um coração batendo no mundo eu me identifiquei muitíssimo, mas hoje em especial, sinto-me um coração sofrendo no mundo. Sei bem o motivo dessa sensação: Foi ter a cruel e fatídica dimensão da fragilidade de nossas vidas, perceber que estamos vivendo num mundo tenso com a enganosa impressão de estarmos habitando a aldeia das liberdades, do desenvolvimento, das democracias, dos progressos. Vivo esperando o próximo ato inaceitável, selvagem, bárbaro de algum ser humano desumano, seja por natureza, índole, seja pela densa carga de conflitos e do vazio que esse mundo das falsas liberdades joga sobre nossas costas. Apavora saber que as próximas vítimas podemos ser nós, nossa família, nossos amigos, nossas crianças. Estou perplexa e essas reflexões me exarem fisicamente, mentalmente. Não tenho mais a ilusão típica dos nossos primeiros anos de vida, a ilusão de que o mundo é perfeito. Vivi estágios; fui do mundo perfeito, ao apenas maravilhoso, ao insosso, ao caótico. Entendi que o mundo é feito pelos seus habitantes e que temos judiado demasiadamente dele. Nossa arrogância fez com que nos sentíssemos donos do planeta, não meros inquilinos. Nossa prepotência fez com que nos sentíssemos a principal forma de vida na Terra, e que tudo gira em torno de nós. Nossa burrice faz com que não respeitemos a natureza e todas as suas formas de vida. Nossa fraqueza nos fez reféns do dinheiro e não seremos felizes se não tivermos o que só ele pode comprar. É justamente aí que o vazio humano só aumenta, é na hora que percebemos que nem o dinheiro pode pagar por certas coisas. Nossa vaidade faz com queiramos ser outros, nos faz esquecer a importância de ser e querer apenas ter; ela é uma das bases dos nossos maiores conflitos. Eu definitivamente não posso e nem quero começar a achar determinados acontecimentos e comportamentos normais, eu não quero me acostumar, eu quero continuar “um coração batendo no mundo”, ainda que seja um coração ferido no mundo, também não busco a perfeição, busco uma imperfeição menos imperfeita. Se for para acostumar que seja com essa dolorida chaga em meu coração.

2 comentários:

  1. E assim vamos vivendo... sofridos corações batendo no mundo.

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  2. Essa é a Juliana que eu conheço. Vc é, além de uma bela escritora, uma pessa evoluída e super sensível aos que os teus olhos vêem.Parabéns!!! Vc é esécial!

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